terça-feira, 30 de outubro de 2012

TESTEMUNHOS DOS PEREGRINOS ULTREYA VII




Queridos Amigos e Peregrinos

Uma vez mais a nossa Peregrinação chegou ao fim... Santiago à vista, meta atingida e o nosso Caminho de Vida, que experenciamos esta semana, mais forte...
Alguns desafios foram grandes, outros bem pequenos... mas seguramente todos trouxemos algo aprendido e que nos irá servir para mais 365 dias.
Posso partilhar convosco de novo, como foi difícil de “caminhar” no dia de Melide. O dia em que caminhei nos corredores do Ambulatorio e do Hospital: porque tive medo, porque sofri, porque me senti traída, porque repensei o meu compromisso com “mi pareja” J: na saúde e na doença, na alegria e na tristeza.... sim, porque nem sempre é na alegria do Caminho, na companhia destes amigos que se vão tornando especiais nas nossas vidas e que aprendemos como é ser amigo no Caminho, por vezes é realmente na dor, no desapego e quando nos diluímos e entregamos ao outro...
Olhava pela janela do Hospital, à minha frente só verde, matas, pinheiros.... e eu “via-vos” a caminhar sem mim (afinal eu não fazia falta naquilo que era bom para mim, mas fazia falta a quem precisava de mim doutra forma... e que era... o meu próprio Sacrifício!!!!)
Aprendi um pouco mais sobre Relacionamentos... os “de pareja”, os de amigos repetentes, os de novos amigos... E O BALANÇO: excelente!!!!
Tudo correu bem, pois tive não tudo  o que queria, mas tudo o que precisei... seguramente.
E se não fosse o meu pé esquerdo. Eu não tinha sofrido fisicamente. Provavelmente... preciso de dar mais atenção ao meu corpo, escutá-lo melhor, para não ter de ouvir as “campainhas da dor” J
Sei que não precisamos de sofrer para atingir a santidade.... mas infelizmente, só quando sofremos, conseguimos perceber e aprender algo mais J
O grupo foi  6 estrelas: sereno, obediente, participativo, simples, harmonioso, luminoso, amável, generoso, bem disposto e muito atento ao próprio grupo... teve o grupo como objectivo: “Um Só Corpo e uma Só Alma”, como posso identificar Ultreya VII.
E agora.... para matar saudades de Ultreya VII, sonhar com Ultreya VIII, e põr mãos à obra.
Preparar o projecto de itinerário, de Mondoñedo a Santiago em 8 dias J (já tenho as estapas todas pré-definidas J), agendar a reunião de re-encontro Ultreya VII, preparar Conferencias sobre o  Caminho de Santiago e ....visualizar, sentir, escutar... a vossa chegada ao Pico, as concertinas, o nosso primeiro jantar, dar-vos acolhida na nossa casa, o nosso 1º carimbo ainda na Casa das Hortenses, a Oração da partida, a expectativa até dar o 1º passo, fechar os olhos e ver os montes, os verdes, as matas, os rios, alguns troços do Caminho que ficaram gravados na nossa mente, a voz do Rui e as canções que ficaram gravadas nos nossos ouvidos, reconhecer costas à nossa frente, o esforço das subidas ou a paz dos silêncios, a interiorização das meditações, o descanso das paragens, a meditação no monte agreste e ventoso naquele fim de tarde, antes de Hospital, o acolhimento de quem nos cuidou, os sorrisos que trocamos, os olhares que nos viram, a sede que nos mataram, os que também não nos trataram tão bem quanto gostariamos, as orações e intenções que partilhamos, os Peregrinos desconhecidos que nos brindaram com sorrisos ou palavras, as comesainas, vinitos, cañas e muito gargalhada que partilhamos... sentir a emoção da chegada à Catedral, abraçar o Santo, descer à Cripta e talvez mais fundo dentro de nós, saborear a queimada, rir com a Meiga, bailar ao som do Gaiteiro, ver a Catedral iluminada, ouvir a Serenata no Obradoiro, receber a chuva em Santiago, manter a tradição dum chupito no Casino, recordar a Missa do Peregrino, levar ao Altar todos “às costas” J, relembrar as palavras do Sacerdote, algumas delas dirigidas aos Ultreya e inspiradas pela nossa Invocação, emocionar-me com a nossa participação na Missa, enviar no botafumeiro os nossos pedidos e a nossa gratidão, o arrrepio provocado pelo som dos Órgãos da Catedral e da voz da Irmã Assumpcion a cantar o Hino a Santiago.... um nunca mais acabar de tudo que “tocou” o coração de cada um de nós... e muito mais.... muitos momentos de “felicidade pura”
Só lamento as palavras que ficaram por dizer, as conversas que não foram suficientes, as cantigas que não chegámos a cantar.... mas é impossível ser perfeito, por isso o possível é sempre o suficiente e o suficiente é o possível e assim foram estes dias....
Posso acrescentar pessoalmente que a minha Confissão de hoje foi sublime e que ouvi naquele Padre alemão a voz de Deus, mesmo mesmo só para mim e num re-conforto de Amor incondicional e alegria....
E depois, terminar com os sabores e os cheiros da Galiza no Gato Preto e ainda ouvir novas cantigas e conhecer ou partilhar emoções e afectos.... posso dizer: EM GLÓRIA!!!!
Que Ultreya VII inspire cada um dos dias das nossas vidas....
E para que possamos contribuir e inspirar, tornando a vida de quem connosco se cruza, melhor e mais feliz, vamos fazer como o Sacerdote nos pediu, inspirar e influenciar que outros façam o Caminho de Santiago, em busca de Fé e de novo Caminho de Vida. E como 1º contributo, escrevam algumas palavras de testemunho de como “foi o Caminho” para vós. Enviem-me e permitam-me que publique no nosso blog http://ultreya-ibf.blogspot.com
E assinem conforme querem ser identifidcados (ou não) no blog. Ok?
OBRIGADA por tudo que me deram e me ajudaram a aprender. Por fazerem parte da minha vida. Por terem confiado em mim. Por me terem aceite em todas as minhas facetas: na minha Luz e na minha Sombra.
Sinto-me mais perto desse Caminho de Luz, porque vocês me ajudaram de muitas maneiras.
E ainda... porque adorei o t.shirt J
Agora vou continuar a reflectir em Para quê.... sempre que me questionar Porquê...

Um abraço peregrino do fundo do meu coração

Isabel

 

P.S. Recordo que as  Intenções que levamos no Saco e hoje entregamos na Sacristia irão ser apresentadas e queimadas no altar aos pés de Santiago na próxima 5ª feira dia 27, na Missa das 20h (hora local, quer dizer 19h em Lisboa). Ponham um lembrete no telemóvel e vamos todos nessa hora estar em comunhão espiritual e rezar a oração

Meu Santiago viajante

Que percorres todos os caminhos

Da alma e do mundo,

Sê para mim a minha estrela,

O caminheiro sábio e profundo

Que me possa ensinar

Como eu posso rezar

Sem obsessão exagerada.

E sem ficar fanatizado

Por contigo poder falar.













Querida Peregrina, Pastora, Amiga, Prima,

Tardei um bocado a responder-te, mas aqui estou, finalmente. ;)
Concordo com a teu adjectivo para balanço desta peregrinação. EXCELENTE !!!
Foi, como dizes, o "Caminho da SERENIDADE" pq. tudo se viveu nesse estado de espírito, todos os problemas se resolveram nessa onda e todos pudemos buscar a nossa essência em belos e profundos momentos de comunhão e de paz.
Foi também, para mim, um caminho em que esteve presente, de modo muito marcante, a nossa ligação à terra, ao campo, às pedras rudes e aos bosques mágicos: diria que foi um "Caminho TELÚRICO".
Por outro lado, senti esta semana muito marcada pelo signo da PARTILHA: partilhei um caminho com alguém de quem sou muito amigo, mas numa amizade provinda de outras lides que não as de caminheiro nem de peregrino; nisso senti uma forte satisfação e uma convicção de cumprir a necessidade de partilhar uma graça com quem a aprecia e dela obtém proveito. Nada que tu não conheças bem... ;)
A partilha marcou também as oportunidades que tivemos de explicar e partilhar a meditação como oração; foi uma partilha de algo que tenho como muito valioso e que me encantou pelo sereno e amigo acolhimento que obteve dos nossos companheiros. Partilha também dos percalços físicos, das dores e dos esforços de superação que marcaram o percurso de bastantes de nós, de modo mais visível na Cremilde e no Cláudio e, depois, no Jaime e em ti.
Salientaria, por último, a percepção da MATURIDADE que marca este grupo, que não se perdeu nem se desorientou quando lhe faltou a "mãe-pata", mas soube aproveitar as ocasiões todas para enriquecer os momentos vividos e para, no cuidado mútuo, seguir o seu caminho, cumprindo as metas que trazia planeadas. Mas enchendo-se, também, de alegria, quando "recuperou", sãos e salvos, os seus "pastores" ;)
Começámos logo em estadão, com uma grande festa musical minhota, marcando a nossa transição geográfica para o Noroeste da Península. Foi uma ideia lindíssima e é espantosa a generosidade com que os elementos do grupo de Vila Verde vieram ao nosso encontro, nos desafiaram os pés dançantes e nos adoçaram os ouvidos e a alma com o seu belo som de concertinas e de canto, por mais de uma hora, ensinando-nos ou recordando a riqueza da nossa tradição musical, enraizando-nos na nossa identidade e, através dos ecos da terra que bailam nas sua chula, viras e modas.
Para o final, mais uma manifestação da cultura e tradição que nos marca, com a festa da queimada galega, realizada, como manda o figurino, por uma meiga e acompanhada pelo som e pelas melodias inconfundíveis da gaita de foles e da declamação do imprescindível "conxuro". 
Bom, se não paro, fico aqui todo o dia a escrever... Tenho só que dizer-te que não à medida para o gosto que é participar em Ultreya e para a gratidão por nos proporcionares, em sete anos consecutivos, uma tal experiência de vida.
Mil biquiños que me vou para rezar um pouco, acompañando as nosas intençóns mentras soben da Catedral para o ceo ! ;)

Rui.




Queridos amigos Isabel e Jaime:
Foi uma grande alegria termos participado nesta grande aventura que foi a Ultreya VII. Como tinha dito estava com uma grande expectativa, sobre a peregrinação... mas o meu coração dizia-me vai em frente. Ainda bem que fui, pois excedeu todos os meus sonhos. Foi bom termos conhecido pessoas tão diferentes mas com um objectivo comum, chegarmos todos bem a Santiago.

O que recordamos com mais emoção:
O vosso aconhimento na casa das hortênsias
A oração na capela no Pico de Regalados
As caminhadas mesmo nas horas em que já estava cansada
Os peregrinos com quem nos cruzávamos e com quem conversámos
As meditações com o Rui
As leituras da Isabel
As Cantigas do Rui
Os jantares galegos, o polvo e os pimentos Padron
A  meditação/visualisação no Pico Agreste que a Isabel orientou ( nem sei como agradecer...)
A descoberta dos elementos do grupo
A missa do peregrino, o bota fumeiro e não perceber porque fui para um lugar de destaque na Catedral...
Termos ido, participado, gostado e termos  ganho mais confiança em nós próprios tanto na forma física como na espiritual
O caminho no meio da floresta e o barulho das folhas  outonais a serem pisadas pelos nossos pés
A grande organização e planeamento da Isabel para que nada nos faltasse
Enfim, confiar...
Um abraço 
Simão e Lena